por Hugo Prado
O racismo ambiental é um conceito criado para se referir às vertentes de discriminação que as populações residentes de periferias, minorias éticas e pessoas com vulnerabilidade social sofrem pelas consequências da degradação ambiental. A ausência de saneamento básico, falta de investimento em infraestrutura, despejo inadequado de resíduos, exploração de terras pertencentes a povos locais, são exemplos da manifestação do racismo ambiental.
O termo faz referência à distribuição desigual dos impactos ambientais entre a população, onde a parcela marginalizada sofre, historicamente, pela poluição e degradação ambiental. No Brasil, o conceito vem se expandido para outros núcleos, como os povos indígenas. Regiões indígenas não demarcadas, favelas, áreas com alto risco de deslizamento de terra, lixões e áreas urbanas não atendidas por saneamento básico são exemplos característicos de locais habitados por populações afetadas pelo racismo ambiental.
O racismo ambiental foi abordado na COP 27 (Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas), realizada no Egito. O assunto foi explorado em uma entrevista ao GIFE (Grupo de Institutos Fundações e Empresas), Marina Marçal, Coordenadora de Política Climática no Instituto Clima e Sociedade (iCS), e doutoranda em sociologia e direito pela Universidade Federal Fluminense, com período como pesquisadora visitante em Columbia Law School (Nova York), enfatizou sobre a importância da exploração do tema e como a política climática poderia ser mais inclusiva no Brasil nos próximos anos.
Ao ser questionado pelo GIFE sobre como ela acredita que as grandes empresas e/ou fundações podem colaborar para o combate ao racismo ambiental, Marina Marçal respondeu “com transparência, demonstrando como estão avançando na implementação de ações e compromissos anunciados, promovendo dados públicos, caminhando para o net zero (zero emissões líquidas de carbono (CO2) com metas de curto prazo e evitando greenwashing (estratégia que promove a disseminação de campanhas publicitárias sobre ser ambientalmente/ecologicamente correto). Envolvendo-se com as comunidades locais e escutando-as no processo de executar suas atividades, vale lembrar à respeito das leis ambientais. “. Confira a entrevista completa em: https://gife.org.br/o-que-e-racismo-ambiental-e-como-ele-impacta-a-vida-dos-brasileiros/.
O racismo ambiental, apesar de causado pelas injustiças sociais, também contribui para seu crescimento e surgimento de novos casos. A carência de políticas públicas que impedirá essa discriminação evidencia a desigualdade econômica e política do país, consolidando que o motivo para tal situação não se resume na desigualdade, mas também na negligência e injúria.