por Ana Luiza Farias
Fonte: gerada por IA pela autora
O ozônio (O₃) é uma molécula composta por três átomos de oxigênio que desempenha um papel fundamental na estratosfera, camada situada entre 10 e 50 km acima da superfície terrestre, formando um “escudo” responsável por absorver a maior parte da radiação ultravioleta (UV) vinda do Sol, especialmente as radiações do tipo UV-B e UV-C, que são extremamente prejudiciais à saúde humana e ao meio ambiente. Essa proteção fornecida por essa região rica em ozônio é essencial para evitar uma série de problemas, como o aumento da incidência de câncer de pele, catarata, e danos aos ecossistemas terrestres e marinhos.
A formação do ozônio na estratosfera ocorre através de um processo natural conhecido como ciclo do ozônio-oxigênio. Nesse ciclo, a radiação UV do Sol quebra as moléculas de oxigênio molecular (O₂) em átomos de oxigênio livres (O), esses átomos de oxigênio podem então se combinar por meio de choques efetivos com outras moléculas de O₂ para formar O₃. Este ciclo contínuo e autossustentável, é o responsável pelo ozônio sendo constantemente formado e decomposto em resposta à radiação UV que é em boa parte consumida durante todo o processo e, portanto, consegue filtrar a quantidade e, quando em perfeito funcionamento, até bloquear toda a radiação antes de chegar até nós.
A estratosfera é um ambiente que favorece a existência e manutenção desse ciclo, devido à abundância de radiação UV e de oxigênio atômico que existe em concentrações consideráveis proveniente justamente da quebra de oxigênios moleculares pela radiação, sendo o motivo das menores concentrações de O₂ que tem sua ligação facilmente quebrada e, portanto, sua presença limitada. Com a grande concentração de oxigênio atômico em sua maioria em formas radicalares (energizados) e a presença dessa baixa concentração de O2, a formação de ozônio é favorecida ao invés de sua recombinação em O₂, garantindo assim a manutenção da camada de ozônio.
Por outro lado, na troposfera, que é a camada atmosférica mais próxima da superfície terrestre e onde vivemos, o ciclo do ozônio-oxigênio não é favorecido devido à falta de radiação UV suficiente para iniciar a as reações de quebra oxigênio molecular. A maior parte da radiação UV é absorvida na estratosfera, o que significa que a energia necessária para quebrar as moléculas de O₂ e formar ozônio não chega na troposfera e quando chega, é presente em baixíssimas concentrações que não são suficientes para manutenção do ciclo e como resultado, o ozônio não se forma de maneira natural nessa camada, em vez disso, o ozônio troposférico é gerado através de processos antropogênicos, principalmente como um subproduto da poluição do ar.
A formação de ozônio na troposfera ocorre quando poluentes primários, principalmente óxidos de nitrogênio, como o monóxido de nitrogênio (NO) e dióxido de nitrogênio (NO₂), que são emitidos principalmente por veículos automotores, indústrias e outras fontes de combustão de combustíveis fósseis, e compostos orgânicos voláteis (COVs), reagem na presença de luz solar por meio da radiação.
Esses poluentes, ao reagirem com a luz solar, produzem ozônio troposférico, considerado um poluente secundário. Diferentemente do ozônio estratosférico, que nos protege, o ozônio na troposfera é altamente prejudicial, sendo responsável por causar irritações nos olhos, nariz e garganta, agravar doenças respiratórias como asma e bronquite, e até estar associado a problemas cardiovasculares, além de ser tóxico para a vegetação, reduzindo a produtividade agrícola e prejudicando ecossistemas naturais ao causar danos às folhas e reduzir a fotossíntese.
Fonte: gerada por IA pela autora
Os impactos diretos à saúde e ao meio ambiente não são os únicos problemas causados ou agravados pela presença de ozônio na troposfera, ele também contribui para o aquecimento global, pois mesmo que menos abundante do que outros gases de efeito estufa como o dióxido de carbono (CO₂), o ozônio troposférico é um potente agente de aquecimento, aumentando a retenção de calor na atmosfera e exacerbando as mudanças climáticas.
O ozônio troposférico é também um dos principais componentes do smog fotoquímico, uma forma de poluição do ar que é comum em grandes centros urbanos e é caracterizada por uma névoa acinzentada visível que resulta da reação dos poluentes primários com a luz solar, levando à formação de altos níveis de ozônio e outros compostos prejudiciais, contribuindo significativamente para a baixa qualidade do ar e efeitos adversos à saúde.
Gostou do conteúdo? Caso tenha interesse e queira saber mais sobre o assunto, confira a publicação “OZÔNIO TROPOSFÉRICO E MUDANÇAS CLIMÁTICAS: EVIDÊNCIAS INTRODUTÓRIAS EM CURITIBA/PR” na Revista de Geografia – PPGEO – UFJF e a matéria do site do Portal do Estado do Ambiente de Portugal: https://rea.apambiente.pt/content/epis%C3%B3dios-de-polui%C3%A7%C3%A3o-por-ozono-troposf%C3%A9rico. Não deixe de ler as nossas matérias semanais inéditas, que, com certeza lhe ajudará em vários aspectos. Visite também o nosso Instagram @inqportal e se quiser nos enviar alguma sugestão, esse é o nosso e-mail: inq.vdc@ifba.edu.br