por Clarice Gomes
Desde janeiro deste ano o Pantanal apresenta focos de calor e incêndio, acentuando-se em agosto e setembro. Esses focos de incêndio estão sendo investigados pela Polícia Federal do Mato Grosso, juntamente com a polícia ambiental e o Ministério Público, pois boa parte dessas queimadas apresentam indícios de crimes premeditados. Para se realizar queimadas é necessária autorização, mas, excepcionalmente nesta época do ano, todas elas são consideradas ilegais.
A prática de queimadas de pastagens é comum todos os anos nessas regiões, no intuito de renovar pastagens para aumentar a produtividade bovina. A pecuária dentro da floresta causa impacto devido a retirada da grama nativa, limpando a formação savânica do Pantanal. Além disso, o desmatamento acontece com queimadas ilegais e criminosas, uma vez que muitos fazendeiros se aproveitam das falhas no cumprimento de multas para abrir pastagens além do que lhes foi permitido. Este ano, aliada a uma má distribuição e irregularidade das chuvas, as queimadas estão mais rigorosas, uma das piores nos últimos 47 anos.
Estudos vêm mostrando o aumento da temperatura como reflexo das mudanças climáticas, que gera impacto em todo o país com a diminuição da umidade dos rios aéreos, que são precursores de chuvas nas regiões Centro-oeste e Sudeste do país. O desmatamento do sul da Amazônia também vem aumentando a intensidade e a frequência de queimadas, visto que diminui a umidade do Pantanal nas cabeceiras dos rios ocasionando secas e, consequentemente, queimadas desenfreadas.
De janeiro a setembro deste ano, o Pantanal já perdeu 3.461.000 hectares de vegetação (23% da área do bioma), matando muitos animais que não tem condições de fuga. A médio prazo, caso haja uma recuperação dessas regiões devastadas pelo fogo, pode-se restabelecer áreas a ponto de oferecer um habitat próprio às espécies animais sobreviventes. É necessário ressaltar que, atualmente, o combate ao fogo nessas regiões vem do apoio de ONG´s, sociedades civis, voluntários, inclusive fazendeiros criadores de gado.
Como forma de contribuição visual para a nossa matéria, o querido e conhecido internacionalmente artista plástico conquistense “Silvio Jessé” nos cedeu essas imagens de sua autoria. Agradecemos a parceria de sempre. Visite o @silviojesse e conheça mais do seu trabalho.