Indústria a todo vapor?

O setor industrial de Vitória da Conquista vem tentando emplacar uma ascensão desde a década de 70, com a implantação do Distrito Industrial dos Imborés. O Distrito Industrial tem como finalidade a descentralização de indústrias que predominam em regiões metropolitanas de outros estados, fazendo com que estas mesmas indústrias expandam seus investimentos para regiões com potencial econômico que necessitam de um impulso. Com isso, era esperado ter como consequência a dinamização de outros setores econômicos, como agricultura, comércio e serviços. Por exemplo, a agricultura contemporânea necessita de ferramentas como sementes, adubos, máquinas etc. e todas essas ferramentas são produzidas pelas indústrias, podendo assim, aproximar à indústria de todos os setores ligados a economia local.

Sendo a proposta da implantação do Distrito Industrial dos Imborés muito adequada, não alavancou um crescimento econômico desejável e sua área geográfica encontra-se com um índice de desocupação ainda alto atualmente.

Em 2010, segundo a Superintendência de Desenvolvimento Industrial e Comercial – SUDIC, o Distrito Industrial dos Imborés possuía uma área de desocupação de aproximadamente 60% de todo o seu território.

No ano de 2007, a região sudoeste contribuiu com cerca de 17% da população do Estado e tinha um Produto Interno Bruto – PIB de 5,4 bilhões, o que correspondia a 16% do total baiano. Neste cenário, Vitória da Conquista teve investimentos de cerca de 120 milhões no seu setor industrial, sendo que os setores que mais cresciam eram os de químicos e plásticos, seguidos por limpeza, higiene e por móveis e estofados.

Segundo Ronaldo Bulhões, presidente da Associação das Indústrias de Vitória da Conquista – AINVIC, em 2007, afirmou que: “Vitória da Conquista possui um potencial de desenvolvimento enorme, mas são necessárias ações para que a cidade atinja o patamar dos grandes centros industriais”. Entre 2002 e 2007, sempre ocorriam encontros com autoridades políticas estaduais e municipais, empresários e presidentes de associações, com o objetivo de discutir a economia local, sendo que ainda hoje esses encontros acontecem. Mas, o grande problema das pesquisas e planejamentos nas pautas desses encontros é que Vitória da Conquista não tem o retorno necessário em relação aos problemas discutidos.  Um grande exemplo dessa situação é o caso do Centro Empresarial, muito discutido e, até então, nenhuma medida foi adotada para sua implantação. Quando não se tem um Centro Empresarial, algumas ações que poderiam ser tomadas para o avanço do setor industrial são inibidas, como a falta de aprimoramento de dados e informações precisas sobre o setor, dificultando o crescimento do nosso município.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, em 2007 a cidade possuía 775 unidades industriais locais, 42 localizadas no Distrito Industrial dos Imborés, e empregava cerca de 4740 pessoas, dos quais 3939 eram assalariados. De acordo com Itamar Figueiredo, consultor executivo da AINVIC, a estimativa é de que estavam espalhadas pela cidade cerca de 200 indústrias de médio e grande porte e, ainda contando com pequenas fábricas nos bairros somava-se cerca de 642 indústrias, a exemplo das fábricas de biscoitos. Ainda de acordo com o IBGE, o país passava por um bom período no setor industrial: acréscimo de 2,2% no emprego, crescimento de 1,9% no número de horas pagas e um avanço de 4,7% no valor da folha de pagamento.

Sendo assim, como está a indústria conquistense atualmente?

O dado mais recente sobre o polo industrial conquistense é de 2014, em que a SUDIC afirma que “o Distrito Industrial segue em plena expansão” contando, até então, com 71 unidades localizadas no pólo e empregando 5676 trabalhadores.

Hoje em Vitória da Conquista temos uma companhia do setor de plástico que se destaca pelo grande crescimento que vem tendo desde a sua implantação.  Localizada no Distrito Industrial dos Imborés, o GRUPO CHIACCHIO é uma empresa conquistense que surgiu em 1990 e está em plena ascensão, atendendo vários estados do país. Para se ter uma ideia de tamanho crescimento, hoje ela investe, além de embalagens flexíveis, em produção de frascos para a indústria alimentícia e química, produtos descartáveis rígidos como copos e pratos, tendo como empresa responsável para este segmento, a Plascchio, inaugurada em novembro de 2007 e na época, era responsável por 65 empregos diretos e 100 empregos indiretos, com uma produção de cerca de 180 toneladas/mês e atendendo quase toda a Bahia e mais 4 estados. Atualmente também investe com intuito de recuperação e reprocessamento de lixo selecionado e fabricação de mangueiras.

Pelo ambiente econômico, conforme o Quadro 1, o setor de serviços é o maior responsável pelo PIB de Vitória da Conquista, sendo que a maior participação da indústria até 2010 foi de 22,82 % em 2000.

Quadro 1: Percentual de participação do setores econômicos.

Fonte: IPEA

A partir disso, verifica-se que incentivos fiscais, financeiros e outros investimentos, se foram aplicados, não deram muito certo para um maior desenvolvimento da indústria conquistense. Outra questão é que a maioria das indústrias estavam dispersas em vários bairros da cidade, não sendo vantajosa uma mudança para o Distrito Industrial.

De acordo com o Quadro 2, em 2010, com 798 estabelecimentos, havia a predominância de indústrias do ramo de produtos alimentícios, com 202 unidades, seguida pelas de fabricação de artigos de vestuário e confecções, com 111 unidades; de fabricação de artefatos de couro, artigos para viagem e calçados, com 32 unidades e, produção de bebidas, com 4 unidades.

Quadro 2: Número de indústrias de 2006 a 2010.

Fonte: IBGE

Em 2016, com poucas informações sobre o seu setor industrial, Conquista se encontra basicamente na mesma situação em relação à industrialização, onde os segmentos de comércio, serviços, agricultura e pecuária são responsáveis por 70% da economia.

No início do ano ocorreu uma reunião com representantes do Governo do Estado, Prefeitura Municipal e empresários dos setores de indústria e comércio, onde, dentre os temas debatidos estavam a interiorização da indústria, ações governamentais de fomento e desenvolvimento e as linhas de crédito disponibilizadas para o setor. Foram expostas na reunião praticamente as mesmas ideias desde 2007, ressaltando o grande potencial que a nossa cidade tem e que precisa ser desenvolvido.

Autores da matéria:

Elionai de Farias Borges
Felipe Santos Silva
Vitor Campos Cardoso