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por Nathália Maciel
Os jardins são uma forma de infraestrutura verde, sendo espaços projetados dentro de ambientes urbanos para promover a biodiversidade e oferecer espaços de recreação e relaxamento para os moradores locais; eles contribuem no gerenciamento da água da chuva, reduzindo o escoamento superficial e a sobrecarga dos sistemas de drenagem urbana, e podem ajudar a mitigar os efeitos das ilhas de calor, ao fornecer sombra e reduzir a temperatura ambiente, aumentando a resiliência de áreas urbanas densamente construídas.
A partir dos anos 2000, houve uma ênfase crescente na importância de integrar a natureza às estratégias de desenvolvimento sustentável. O termo ‘Soluções Baseadas na Natureza‘ começou a ganhar mais destaque para abordar desafios ambientais e sociais, sendo influenciado por organizações internacionais como a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Isso reflete uma mudança progressiva na busca por inspiração na natureza para resolver problemas e desenvolver novas abordagens.
O avanço na compreensão dos serviços fornecidos pela natureza e dos benefícios que eles trazem para os seres humanos influenciou o desenvolvimento das soluções. Pesquisas em diversas áreas mostraram como os ecossistemas naturais podem desempenhar papéis importantes na regulação do clima, proteção contra desastres naturais e resiliência alimentar. Em muitas partes do mundo, comunidades locais e governos começaram a implementar projetos e políticas que adotam abordagens baseadas na natureza para resolver desafios específicos. Isso inclui a restauração de áreas degradadas, a implementação de práticas agrícolas sustentáveis e a criação de parques urbanos.
O uso de plantas nativas frutíferas e plantas alimentícias não convencionais (PANCs) em jardins urbanos e a criação de hortas urbanas estão diretamente relacionados às Soluções Baseadas na Natureza (SBN). Assim como o paisagismo convencional, que se concentra na estética e no design de espaços, as plantas usadas na alimentação podem integrar espaços exteriores para maximizar a funcionalidade e a beleza. Isso muitas vezes significa utilizar o espaço de forma eficiente, aproveitando áreas anteriormente subutilizadas, como canteiros de ruas, terrenos baldios, varandas, telhados e até mesmo paredes verticais, para criar espaços verdes produtivos.
O cultivo de plantas que alimentam adiciona diversidade e elementos locais ao paisagismo urbano, torna os espaços mais acessíveis e sustentáveis, refletindo a visão da pesquisadora Ana Primavesi de que: ‘o meio ambiente não é o espaço em que vivemos, mas o espaço do qual vivemos’. Apesar dos benefícios claros das soluções baseadas na natureza, ainda existem desafios significativos na implementação dessas práticas. Questões como acesso a espaços e educação ambiental continuam sendo obstáculos para muitas comunidades, ressaltando a necessidade de esforço contínuo e colaborativo de diversos atores para promover uma abordagem mais resiliente em nosso ambiente urbano.
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