por Adelson Sousa Barbosa
A corrida pela busca de novas fontes de energia se instaurou no planeta terra e tem levado a ciência a se debruçar sob uma complexa premissa de encontrar novos recursos energéticos que possam substituir os problemáticos combustíveis fósseis, visto que o aceleramento do aquecimento global tem causado efeitos devastadores, exigindo que a nossa civilização busque por outras alternativas. Uma alternativa estudada atualmente, porém ainda pouco explorada é o hélio-3.
O hélio-3, assim como o hélio-4 são isótopos do elemento químico hélio e são considerados, atualmente, as únicas formas isotópicas estáveis desse elemento encontradas na natureza. O hélio-3, que é um isótopo raro, pode servir como uma excelente fonte energética para nossa civilização, principalmente por ser tratar de uma fonte de energia considerada limpa.
Apesar de raro, algumas aparições do hélio-3 na superfície terrestre proporcionou uma surpresa para a comunidade científica, já que até então o isótopo só poderia ser encontrado no núcleo da terra e no espaço sideral, principalmente na lua. A identificação mais recente do isótopo ocorreu após pesquisas promovidas por geoquímicos do Woods Hole Oceanographic Institution e do California Institute of Technology na ilha de Baffim, no arquipélago ártico Canadense. O estudo publicado na revista Nature evidenciou altos níveis de hélio-3 em rochas da ilha do Baffim.
Esse surgimento repetindo na superfície terrestre levanta a questão de que o núcleo da terra pode estar vazando hélio-3, visto que por aqui esse isótopo só é encontrado em abundância no núcleo terrestre. Isso inclusive, abre possibilidades para estudos posteriores relacionados à utilização desse isótopo para produzir energia limpa nos reatores de fissão e fusão nuclear do nosso planeta, já que o hélio-3 provavelmente não geraria lixo nuclear.
A utilização do hélio-3 em reatores poderia, inclusive, substituir os isótopos de trítio no processo de obtenção de energia pela fissão nuclear. Atualmente utiliza-se os isótopos de deutério e trítio, tanto na fissão quanto na fusão nucelar, ambos os isótopos são do átomo de hidrogênio. Segundo o Professor Galvão, do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP) a utilização do hélio-3 no lugar do trítio poderia resultar, teoricamente, em uma geração de energia sem resíduos radioativos, já que esse isótopo quando reage com o deutério não produz neutros energéticos, a energia sai imediatamente em partículas carregadas. Isso mostra que a utilização do hélio-3 nos reatores de fissão ou fusão nuclear do nosso planeta, diminuiria os riscos e geraria uma quantidade de energia infinitamente mais limpa, o que o classifica como sendo uma ótima opção energética para o futuro.
Apesar de ter surgido na superfície terrestre recentemente, a exploração do hélio-3 para utilização como combustível ainda é uma incógnita para a comunidade científica, pois a sua exploração depende muito também da sua abundância, e como sabemos ainda não é o suficiente em nosso planeta. Mesmo que pequenas quantidades desse isótopo possam gerar uma quantidade enorme de energia, a sua exploração requer muitos recursos; portanto é necessário viabilizar as possibilidades antes de explorar.
Um local do universo em que possui altos níveis hélio-3 é no satélite natural do planeta terra, a lua. Atualmente, inclusive, algumas potencias econômicas tais como a China já estudam estratégias concretas de tentar explorar esse hélio-3 e transportar para a terra para posterior geração de energia limpa.
O que dificulta essa exploração, no entanto, são os gastos elevados com o trajeto e posterior extração em solo lunar, já que o projeto do envio de foguetes da terra para a lua é algo extremamente caro. Mesmo assim, a lua ainda é hoje o único local do universo propício a essa exploração de hélio-3, o que mantém os constantes estudos da ciência para esse local, mas com olhares também sobre a terra, pois as aparições recentes do hélio-3 por aqui pode indicar muitas informações para o futuro energético do nosso planeta e inclusive para novos estudos sobre o desenvolvimento e evolução do núcleo terrestre.
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