Por: Adriano F. Gama
Três datas do mês de abril me remetem à relação entre o homem e o dragão. No ocidente, entre os vários símbolos e seus significados, temos o dragão como aquele que quer devorar ou impedir o indivíduo de se libertar, caminhar de forma autônoma, para, assim, não ser plenamente humano. Tem-se a criatura como uma dimensão de nós mesmos. Domar dragões nos faz mais homens e, em alguns casos, super-homens.
No dia 15 comemora-se – ao menos eu comemoro – o nascimento de uma das mais brilhantes mentes da história. Capaz de enxergar muito além do seu tempo, Leonardo Da Vinci iniciou uma era. “Ele acordou mais cedo, enquanto todos ainda dormiam”, disse Freud sobre ele. Polímata, engenhoso e criativo, desenhou e projetou artefatos civis e bélicos, sistemas hidráulicos, tratados anatômicos e até pontes. Pontes que contribuíram na travessia para o Renascimento. Da Vinci foi perseguido por seus dragões: os conflitos – verdade e mentira; religião e razão; a obscuridade da sua época e seus desejos e pensamentos, os quais foram largamente utilizados contra ele por quem detinha o poder. Pôs luz dentro de si e ao seu redor, projetando uma era rumo à luz. Soube controlar o dragão e conseguiu deixar sua obra para a posteridade.
No dia 21, temos o brasileiro Joaquim José da Silva Xavier Tiradentes. Homem de ação, embalado pelos ideais Iluministas, levantou sua voz e calou o dragão do medo, da subserviência. Não se contentou em calar apenas dentro de si, enxergou esta necessidade para todo o país (ou protótipo de um) e, influenciado pelas ideias de Robespierre e sua turma, pôs a boca no trombone contra “Quintos e Derramas”. No embate, matou o dragão pessoal, o do medo, e foi morto pelo dragão do establishment. Venceu pela história. Matou o dragão do esquecimento.
23 é dia de glória! Reza a tradição que o soldado da Capadócia morreu pela sua crença. Mas sua simbologia vai além. Representa a eterna luta do homem para dominar o dragão que habita em nós. Somos luz e sombra. Não vamos liquidar toda a sombra, maldade e pensamentos ruins, mas podemos e devemos subjugar e domesticar o dragão que abrigamos. São Jorge representa o nosso Eu poderoso, triunfando sobre o dragão, enfrentando e domando nossas sombras e maldades. Quanto mais humanos formos, maior o nosso dragão. E igual a Abril, o dragão sempre retorna! Temos que ter força e fé, acreditar que vamos controlá-lo, para que assim possamos nos salvar dele. Vale lembrar! Para quem não acredita ou não enxerga a relação do dragão com as datas citadas, há sempre a liberdade de retornar no calendário até o dia 1º e comemorá-lo.
Salve a Universalidade e a Coragem! Salve a Temperança!
Salve Leonardo e Joaquim! Salve Jorge!
Adriano F. Gama
(Supervisor Comercial Guabi)